terça-feira, julho 26, 2005

A Semente do Diabo

Título Original:
"Rosemary’s Baby" (1968)

Realização:
Roman Polanski

Argumento:
Roman Polanski, baseado em livro de Ira Levin

Actores:
Mia Farrow - Rosemary Woodhouse
John Cassavetes - Guy Woodhouse
Ruth Gordon - Minnie Castlevet
Sidney Blackmer - Roman Castlevet


Rosemary, uma jovem recém casada com Guy Woodhouse, procura com o marido uma casa para começarem a sua vida de casal. Um dia, encontram o apartamento dos seus sonhos e depressa mudam-se para lá. Numa questão de tempo o casal instala-se, Guy avança com a sua carreira de actor e Rosemary engravida como eles desejavam. Porém as coisas mudam quando o casal de vizinhos idosos começa a intrometer-se estranhamente na sua vida e a dar sugestões sobre a gravidez da jovem. Pouco a pouco Rosemary perde o controlo da situação e quando se tenta soltar já é tarde demais: ela e o seu filho são vítimas de um culto ao diabo que tenciona fazer daquela criança o filho das trevas.

Realizado alguns anos antes de clássicos como O Exorcista ou A Profecia, A Semente do Diabo foi um dos primeiros filmes a assustar verdadeiramente a plateia na época de ouro do cinema de terror, o que por sua vez acabou por lhe valer o estatuto de clássico.
O argumento de A Semente do Diabo (Internacionalmente conhecido como Rosemary's Baby), é baseado no homónimo livro de Ira Levin, e mistura na mesma película bruxaria e maternidade, através de um jogo de mistério, desconfiança e paranóia que separa Rosemary dos que a rodeiam. Tudo exemplificado através da vulnerabilidade que a protagonista vive e que cresce a cada minuto do filme, e que acaba por se tornar o elemento chave da substância desta obra. Rosemary é assim uma vítima da chamada boa-vontade interesseira, e uma representação individualista e solitária da presa que é jogada na arena dos predadores. A partir dessa premissa gere-se uma sufocante perseguição à liberdade de Rosemary e à posse do filho, e que infelizmente acaba por culminar num final amargo e melancólico tanto para a jovem, como para a sua criança.

Apesar de ter uma narrativa bem construída e de possuir algumas das parcelas de suspense que se pede a uma obra que queira assustar, A Semente do Diabo não é um tradicional filme de terror como estamos habituados a ver. Ao longo da sua duração não há qualquer cena que desperte medo, receio, pavor, sustos ou sobressaltos genuínos. Contudo, naquela que parece ser a sua principal virtude, o filme é repleto de uma claustrofobia magistralmente bem conseguida. O espaço do apartamento, os nove meses da gravidez e a constante presença dos vizinhos, fazem da atmosfera do filme uma área asfixiante tanto para a protagonista como para o espectador, e demonstra perfeitamente como se pode entrar num universo de terror sem um serial killer, banhos de sangue ou cenas aterrorizantes.

A Semente do Diabo venceu o Óscar de Melhor Actriz Secundária (papel perfeitamente interpretado por Ruth Gordon através da interesseira e mesquinha personagem Minnie), e foi nomeado para o de Melhor Argumento Adaptado (ainda hoje é tido como uma das melhores adaptações de sempre). Além disso o filme insere-se numa trilogia "O Apartamento" de Polanski, constituída por Repulsa ao Sexo (1965) e O Inquilino (1976), filmes que também ocorrem em locais fechados e personificam o terror psicológico.

Resumidamente, aconselho o filme a quem está interessado em conhecer um pouco mais a obra da Mia Farrow e do Roman Polanski, ou a quem tenciona ver um interessante e assustador clássico do cinema. A Semente do Diabo é uma obra muito bem construída, com excelentes interpretações (Mia Farrow e Ruth Gordon) e com um argumento inteligente que, embora tenha algumas inconsistências lá pelo meio, consegue assustar e prender a atenção do espectador do início ao fim deste "velho" mas nefasto filme.

® Fábio Guerreiro

4 Comments:

At 2:30 da manhã, Blogger Gustavo H.R. said...

Entendo completamente seu ponto de vista, Fábio, muito bem desenvolvido. Mas O BEBÊ DE ROSEMARY jamais me assustou, e portanto jamais o tive como obra-prima. Faço parte de uma minoria, reconheço.
Estranho o título de Portugal, de fato, no resto do mundo, o filme parece rer a tradução literal de ROSEMARY'S BABY.

 
At 12:30 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O filme o Bebê de Rosemary se trata de uma obra prima do gênero. Um clássico do diretor Roman Polansky. Não é somente filmes que assustam que são bons. É a perfeição da produção cinematográfica como um todo. A sequência de imagens, o cenário perfeito, os atores perfeitos, etc... Nota 1000. Perfeito. Hoje em dia, não se fazem mais filmes como antigamente. É um filme extraordinariamente perfeito para a época. Ainda mais que foi rodado no famoso edifício Dakota, em Nova York, onde morou o Beatle já falecido John Lennon.

 
At 9:19 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá Fábio
Gostei muito do seu argumento e posso dizer que este é um dos meus filmes prediletos. Concordo qdo vc diz que o tipo de terror apresentado pelo diretor é completamente diferente de outros clássicos do cinema. É um terror psicológico que não oferece um final imediato, mas uma sequencia de surpreendentes interpretações.
Um abraço
Elaine
elainezaragosa@hotmail.com

 
At 3:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

o melhor filme de terror que vi até hoje! não concordo muito com a tradução para português, "o bébé de rosemary" tem mais valor, quanto a mim. Desde a história, a interpretação: mia farrow está excelente,assim como ruth gordon. bem merecido o óscar. E é claro , polansky, grande realizador. um filme perturbador... sem exageros mas que nos deixa a pensar. Nota máxima!

 

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