domingo, fevereiro 25, 2007

Scoop

Título Original:
"Scoop" (2006)

Realização:
Woody Allen

Argumento:
Woody Allen

Actores:
Woody Allen - Sid Waterman
Hugh Jackman - Peter Lyman
Scarlet Johansson - Sondra Pransky
Ian McShane - Joe Strombel


Scoop é um daqueles filmes que dá gosto de ver no cinema quando, cansados da azáfama da vida diária, vamos ao cinema para aproveitar da melhor forma possível o pouco tempo livre que temos. Nesse pouco tempo livre nem toda a gente gosta de assistir a filmes que fazem trabalhar a nossa consciência crítica e pretendem transmitir uma mensagem. Alguns desses filmes são felizes nesse propósito, outros não. Variar um pouco no tipo de filmes que vemos é saudável. Por isso “uma comédia ligeira sobre suspense e jornalismo” como Woody Allen define Scoop, o seu mais recente filme, vem mesmo a calhar.

Sondra Pransky é uma jovem norte-americana aspirante a jornalista que está de férias em Londres para visitar uma família amiga. Durante a sua participação num dos números do espectáculo de um divertido mágico americano chamado Splendiny (nome artístico de Sid Waterman), Sondra é contactada pelo espírito de Joe Strombel – um jornalista britânico recentemente falecido – que vem propositadamente do Além para transmitir-lhe informações sobre o “Assassino das Cartas de Tarot”, que aterroriza as mulheres londrinas. Decidida a investigar e desvendar o caso, que poderá ser o furo jornalístico (scoop) da sua vida, Sondra conta com a ajuda do trapalhão, mas bem intencionado Sid. As coisas complicam-se quando a jovem se apaixona pelo charmoso Peter Lyman, um membro da fina-flor da aristocracia britânica que Strombel aponta como sendo o principal suspeito dos crimes ocorridos.

Durante o filme o espectador também investiga o caso e não demora muito a seguir as pistas (ainda que algumas delas possam ser falsas) e descobrir a verdade. Os diálogos de Sondra e Sid são boa parte do divertimento que Scoop proporciona. Até a banda sonora contribui para isso. Sondra é uma personagem satírica que representa os jornalistas ávidos de notícias que possam ser marcos importantes nas suas carreiras e estão dispostos a fazer tudo para alcançar o objectivo pretendido. Sid é por vezes quase como uma prudente voz da consciência de Sondra, advertindo-a dos perigos que a investigação pode trazer para ambos, mas acaba sempre por acompanhá-la nas suas aventuras e desventuras. Peter Lyman cativa a nossa simpatia com os seus modos afáveis, o que tal como acontece no filme, atrapalha a investigação, neste caso a do espectador. Joe Strombel, mais do que Sondra, é o expoente máximo propositadamente exagerado da audácia dos jornalistas, imagine-se: vir do Além para dar informações sobre um assassino a uma colega de profissão para que esta investigue um caso que ele gostaria de deslindar se estivesse vivo!

A temática do Inferno ou do Paraíso, da morte e do que poderá estar ou não para além dela não é apenas uma das temáticas do filme, mas também uma temática pessoal de Woody Allen sobre a qual ele se questiona. No filme existem várias alusões a filmes anteriores do realizador, isto é bom para quem está muito bem informado sobre a sua filmografia, ainda que este facto não afaste os possíveis novos fãs de Allen.

® Isabel Fernandes