domingo, janeiro 28, 2007

Diamante de Sangue

Título Original:
"Blood Diamond" (2006)

Realização:
Edward Zwick

Argumento:
Charles Leavitt

Actores:
Leonardo DiCaprio – Danny Archer
Djimon Hounsou – Solomon Vandy
Jennifer Connelly – Maddy Bowen


Se relembrarmos alguns factos históricos podemos ver como as riquezas e recursos naturais do continente africano têm sido sempre objecto de cobiça não só dos países europeus, como também do outro lado do Atlântico, mais precisamente os Estados Unidos da América. E é essa cobiça que abala de forma insistente os alicerces da paz. Do mesmo realizador de Tempo de Glória, Lendas de Paixão e O Último Samurai, chega-nos Diamante de Sangue, um filme que explora, como os anteriores, uma temática bélica sob uma determinada perspectiva que reveste a película de uma melhor qualidade. De uma forma dolorosamente real, o filme de Edward Zwick retrata o caos e a chacina que marcaram a Serra Leoa nos anos noventa do passado século XX.

A acção decorre no ano de 1999. Enquanto os países desenvolvidos se reúnem, a Serra Leoa mergulha cada vez mais numa profunda guerra civil. Diamantes de sangue – são estas as pedras preciosas que todos ambicionam ter em seu poder, utilizadas para financiar grupos armados revolucionários como a RUF (Revolutionary United Frontier), que se revoltam contra as tropas governamentais, espalhando o terror à sua volta, destruindo famílias e ceifando vidas inocentes como se estas nada valessem. Solomon Vandy é um pescador descendente da tribo Mende que é bruscamente separado da família pela RUF e enviado para as minas de extracção de diamantes. Um ataque contra o grupo armado faz com que Solomon e o líder do grupo sejam levados para a mesma prisão onde Danny Archer, um ex-mercenário sul-africano se encontra preso por tráfico dos ambicionados diamantes de sangue.

Astuto, Danny descobre que Solomon encontrou e escondeu um grande diamante que renderia muitos milhões a quem o tivesse na sua posse. Quando é solto graças aos seus cúmplices traficantes, Danny, obviamente com interesses pessoais, apressa-se a procurar Solomon e promete ajudá-lo a encontrar a sua família se ele o levar ao local onde escondeu o diamante. A eles junta-se Maddy Bowen, uma intrépida jornalista norte-americana que os ajuda numa perigosa jornada que poderá pôr em risco as suas vidas.

Danny Archer é um homem solitário e amargurado que vê no diamante de sangue o seu passaporte de saída em busca de outro lugar, de uma vida nova longe dos insuportáveis conflitos no imenso continente que o viu nascer. Solomon é um pai e um marido desesperado que vê no diamante a moeda de troca pela sua família. Maddy é uma jornalista experiente que vê em Danny, e nos conhecimentos que sabe que ele possui, o meio de conseguir uma reportagem marcante para a sua carreira sob a forma de uma denúncia do que se passava em Serra Leoa.

Diamante de Sangue é um filme intenso pela combinação do argumento com factos verídicos e lamentáveis como os massacres provocados por grupos armados como a RUF; as cruéis circunstâncias que levaram às cenas mais chocantes e violentas que alguém pode ver num filme, quanto mais na realidade: crianças armadas, autênticas crianças-soldado poupadas pelos grupos armados para os servirem na guerra.

É de registar o óptimo trabalho de Eduardo Serra como director de fotografia, transmitindo por exemplo os cenários naturais africanos com cores quentes que contrastavam com o preto e branco das fotografias que a personagem Maddy tira ao longo do filme. Por último há que destacar as boas interpretações com que o trio de actores: DiCaprio/Hounsou/Connelly nos brinda. Esperemos que determinadas entidades da sétima arte as saibam reconhecer, ainda que o reconhecimento mais importante e gratificante seja o do público.

® Isabel Fernandes

6 Comments:

At 9:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

uma boa proposta de aventura e drama com boas performances no geral... um bom começo para este ano...

 
At 1:03 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Concordo com tudo o que disseste, mas acho que 7 em 10 estrelas é muito pouco. Este filme é um murro no estômago, e com toda a força. Parece que somos nós a levar os tiros, os socos, e a passar pelo mesmo drama. Edward Zwick superou-se, e os três actores principais deslumbram. Di Caprio mostra, definitivamente, o seu talento interpretativo, bem como Djimon Hounsou.
A pergunta é: PORQUE NÃO FOI ESTE FILME NOMEADO PELA ACADEMIA? (é demasiado forte e poderia suscitar suspeitas da sua veracidade? mas ainda restam dúvidas?)

Absolutamente devastador.10/10

 
At 12:11 da manhã, Anonymous Anónimo said...

o filme é excepcional, 2007 começa bem. visitem o blog www.retroprojeccao.blogspot.com para uma extensa variedade de criticas de cinema. um blog rico a nao perder

 
At 11:55 da tarde, Blogger João Nogueira said...

Não exageremos Andreia, o filme está bem feitinho, mas não é assim tão bom - principalmente se atentarmos aos últimos 10 minutos, onde toda a veracidade cai por terra (não sustento melhor a afirmação para não fazer revelações indiscretas a quem não viu o filme)

Tecnicamente a qualidade é superior sem dúvida (a fotografia então é deslumbrante e fez-me sentir de novo em África), mas o filme falha por querer ser simultaneamente um sociodrama (ainda por cima hipócrita e demagógico) e um filme de acção... as personagens plastificam-se em demasia e não são credíveis.

De qq forma é um bom entretenimento: 6/10... no máximo

 
At 6:06 da tarde, Blogger Flávio said...

Finalmente, alguém em Portugal que repara na maravilhosa fotografia do grande Eduardo Serra. A imprensa 'cultural' portuguesa não lhe dedicou duas sílabas.

Beijinhos, Isabel!

 
At 5:09 da tarde, Blogger Unknown said...

rapaz muito imteressante esse filme...
muito massa !

 

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