O Costa do Castelo
Título Original: "O Costa do Castelo" (1943) Realização: Arthur Duarte Argumento: Fernando Fragoso, adaptado da peça homónima de João Bastos Actores: António Silva – Simplício Costa Maria Matos – Mafalda da Silveira Fernando Ribeiro – Daniel Milú – Luisinha |
Considerado o mestre da comédia popular, Arthur Duarte consagrou este género fílmico ao ter realizado A Canção de Lisboa (1933). Tendo trabalhado na França e na Alemanha, utilizou a seu modo as técnicas dos cineastas desses países nos seus filmes. No tempo em que O Costa do Castelo e os restantes filmes da época dourada do cinema português estreavam nos cinemas, vivia-se em Portugal e no mundo uma situação bastante difícil e conflituosa. A segunda guerra mundial ainda estava um pouco longe do fim e isso punha em risco não só as economias dos países em guerra, como dos países que eram neutros. Tal como no filme, as pessoas tinham de literalmente fazer contas às suas vidas, passando por muitas provações. Como se tudo isto não bastasse Portugal estava mergulhado na escuridão da ditadura militar de Salazar. Era portanto normal que em geral o espírito das pessoas não fosse alegre. Foi neste contexto que se celebrizaram as comédias nacionais em que a maior parte dos empresários preferia investir. Comédias como O Costa do Castelo exaltavam as tradições nacionais, o fado, as cantigas populares, as marchas populares e o apego do povo às suas origens, constituindo assim um refúgio aos portugueses deprimidos com as contrariedades das suas vidas e do mundo.
O filme começa com uma vista panorâmica de Lisboa a partir do Castelo de São Jorge e a câmara dirige-se depois às velhas ruas do bairro do castelo. A Sra. Rita (Maria Olguim) e o Sr. Januário (João Silva) alugam quartos da sua pensão a Luisinha – que trabalha num banco e a Simplício Costa – que dá lições de guitarra e fado – e é mais conhecido como “O Costa do Castelo”. Um dia Daniel, um jovem de família nobre e abastada, vê Luisinha passar na rua e apaixona-se por ela à primeira vista. Fingindo ser motorista de um rico patrão, Daniel esconde a sua verdadeira identidade e consegue hospedar-se na mesma pensão que Luisinha, para estar mais próximo dela. Desde logo todos se lhe afeiçoam, até o dia em que a sua verdadeira identidade é revelada pela autoritária tia Mafalda.
Uma das mais famosas comédias portuguesas, a história d’O Costa do Castelo assenta em temáticas comuns à maior parte dos filmes: pessoas de diferentes classes sociais que vivam uma paixão proibida, a vivência da gente humilde e alegre apesar das dificuldades em que viviam procurando a felicidade em coisas simples. No filme confrontam-se dois mundos: o dos ricos e o dos pobres. Arthur Duarte faz uma sátira à nobreza, à fidalguia portuguesa que se considerava superior à gente do povo e perdia o seu tempo com intrigas, caprichos e futilidades, sempre com mau humor e mil e uma manias. Há que, por fim, destacar a cómica cena em que se reencontram Mafalda e Simplício e as mudanças que esse encontro traz à nobre senhora. Maria Matos e António Silva formaram um dos pares mais cómicos do cinema da época, um ano depois d’O Costa do Castelo voltariam a repetir a proeza em A Menina da Rádio. Apresentados todos estes motivos vale a pena ver ou rever um filme recheado dos grandes nomes do teatro e do cinema da época, em que a mensagem é simples: é no povo trabalhador e humilde que reside a verdadeira virtude.
® Isabel Fernandes
2 Comments:
gostei muito do filme.
É muito engraçado!!
Boa noite.
Preciso de ajuda.
Que musica é aquela que se ouve após a brilhante explicação de António Silva sobre a telefonia que "parece uma torneira a deitar musica"?
Obrigado
Manuel Portugal
maportugal@rtp.pt
Enviar um comentário
<< Home