O Libertino
Título Original: "The Libertine" (2004) Realização: Laurence Dunmore Argumento: Stephen Jeffreys Actores: Johnny Depp - Rochester Samantha Morton - Elizabeth Barry John Malkovich - Rei Carlos II Paul Ritter - Chiffinch |
O Libertino conta com uma interpretação fantástica de Johnny Depp, que dá corpo e alma a um dos maiores rebeldes da história da literatura - John Wilmot.
Quem é Wilmot? "Ao contrário de Marquês de Sade, que foi um rebelde cuja memória sobreviveu com força até aos dias de hoje, Wilmot ficou no esquecimento, injustamente", afirmou Johnny Depp numa entrevista.
Este é mais um filme de época a estrear em Portugal, depois de Orgulho e Preconceito – alguns dos actores são os mesmos –, desta feita para dar a conhecer o inigualável Johnny Wilmot, que inspirou vários artistas ao longo de décadas. Um escritor/poeta alcoólico e devasso, nobre (foi o segundo Conde de Rochester) e desajustado da sociedade que tanto procurou chocar e com que tinha uma relação a amor/ódio. Wilmot viveu numa época conturbada para a monarquia inglesa, na Londres de 1660, e foi o escritor preferido do Rei Carlos II (John Malkovich).
John Malkovich foi o principal obreiro para que esta história conhece-se a luz do cinema, certificando-se que o nome de Wilmot voltava à ribalda. A actor produziu o filme e interpretou o Rei humilhado (com um nariz falso), que já tinha feito na peça de teatro respectiva, o resultado é intenso.
Assim como personalidades recentes como Jim Morrison, Wilmot quis ir aos limites de si e da sua sociedade, interessava-se pelos que o tentavam enganar, gostava de humilhar o Rei – existem poemas a gozar com o rei deliciosos! –, acima de tudo, explorar o inexplorado.
Durante a história o escritor envolve-se criativamente e sentimentalmente com Elizabeth Barry (Samantha Morton), uma actriz que se torna protegida e conhece o sucesso.
Este é um biópico, por isso vemos o escritor a morrer ainda novo, de sifílis, numa despedida triunfal e ao mesmo tempo de desilusão para consigo mesmo – a conhecer no filme.
Depp emociona com esta personagem que irradia, sensualidade, mistério, eloquência, rebeldia e fúria – ou não tivesse sido ele o “menino rebelde” de Hollywood. O momento mais apetecível é mesmo o prólogo que Depp faz à história de Wilmot, olhando para o espectador, como que se o poeta estivesse a convidar o público, num monólogo, para entrar na sua vida/mente. «Vocês não irão gostar de mim», promete Wilmot no prólogo inicial, no final pergunta em tom irónico: «Gostaram de mim?» A resposta, que pode ser ambígua, cabe a cada um dos espectadores.
® João Tomé
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