Fomos Soldados
Título Original: "We Were Soldiers" (2002) Realização: Mike Leigh Argumento: Harold G. Moore, Joseph L. Galloway & Randall Wallace Actores: Mel Gibson - Col. Hal Moore Madeleine Stowe - Julie Moore Greg Kinnear - Maj. Bruce 'Snake' Crandall Sam Elliott - Sgt. Maj. Basil Plumley |
Randall Wallace realizou este que é mais um filme sobre a Guerra do Vietname, vista sob o ponto de vista das famílias dos soldados americanos. Mel Gibson é o actor em destaque, como Coronel Hal Moore.
Responsável pelos argumentos de Pearl Harbor (2001) e Braveheart (1994), designadamente, Randall Wallace voltou a colaborar com Mel Gibson (o guerreiro do épico escocês referido) neste Fomos Soldados, filme estreado nos nossos cinemas em 2002 que relata a principal batalha da Guerra do Vietname e as circunstâncias envolventes.
Mel Gibson é, aqui, o temerário, justo e humano Coronel Hal Moore, um homem profundamente dedicado à família mas também à vida militar que subitamente se vê arrastado e aos seus homens para um autêntico massacre, onde a morte é praticamente certa mas a defesa da pátria americana é premente.
Wallace traz-nos um filme onde o foco se dirige para as famílias dos soldados americanos envolvidos nesta batalha: Greg Kinnear (‘Snake’) e Chris Klein (Jack Geoghegan) fazem parte de um grupo de militares que partem para o Vietname confiantes na luta, mas receosos de não voltarem a ver as suas mulheres e filhos. O espectador é, então, confrontado com uma acção dramática que se concentra num momento dividido entre o dia-a-dia angustiante daqueles que esperam, e os instantes decisivos dos que tentam lutar contra o medo e a saudade, agarrando-se ao dever patriótico e à coragem.
Julie (Madeleine Stowe), que já nos habituou a este tipo de papéis, encarna a esposa apaixonada e sacrificada de Hal Moore (Gibson), aquela que já conhece o drama da guerra e dá o seu apoio às restantes mulheres da comunidade, enquanto se encarrega de, ela mesma, transmitir as más notícias que lhe vão chegando.
Fomos Soldados não acrescenta algo de substancial ao tema em questão, nem inova particularmente dentro do género: do início ao fim, somos confrontados com personagens heróicos, admiráveis, mas que pouco surpreendem e que ficamos a conhecer de forma superficial – à excepção de Mel Gibson, que no seu papel principal dota o personagem de maior complexidade. Ele é o herói-pai-marido-perfeito, cuja sensibilidade se opõe ao estereótipo habitual de durão que vemos neste tipo de interpretações, mas ainda assim assistimos a alguns excessos melodramáticos – os quais, de resto, Wallace já nos revelou especialmente em Pearl Harbor.
No que toca à intriga, Wallace esforça-se por introduzir alguns cambiantes dentro do estilo, nomeadamente por recurso a alguns elementos históricos (exemplo da inspiração de Hal Moore no massacre que, séculos antes, tinha dizimado os franceses no mesmo território arriscado), mas falha quando, por exemplo, nos deixa uma muito incipiente versão do que se passa do lado dos “inimigos” vietnamitas: e essa é, justamente, a parte que o cinema mostrou poucas vezes, tendo apenas dado origem a escassos exemplares como Platoon, de Oliver Stone, ou Apocalypse Now, de Coppola.
A montagem acaba por resultar eficaz e una, apesar de pouco inventiva, e também a fotografia consegue aquilo a que se propõe, com a já esperada incidência nas cenas mais violentas. No final, portanto, o que nos fica é a sensação de um filme estruturado, mas concentrado do início ao fim num personagem que é figura de idolatria e no drama emocional de várias mulheres que encarnam apenas uma massa, perdidas num enredo disperso. Permanece o mito plástico da América heróica e injustiçada que enviara os seus homens para a morte, pesem embora alguns pequenos esforços do realizador em contrariar o previsível.
® Andreia Monteiro
1 Comments:
descartável.
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