Realizador da Semana: Krzysztof Kieslowski
Figura proeminente do cinema europeu, Kieslowski foi um cineasta maior, sendo um dos mais aclamados dos últimos trinta anos ao mesmo tempo que é uma tremenda influência para muitos outros. O seu cinema nunca foi feito simplesmente para entreter, mas sim para instruir e informar, comover e inspirar, provocar e incomodar.
Nascido a 27 de Junho de 1941 em Varsóvia, o realizador polaco cresceu sob o espectro de Hitler e Stalin, anos esses algo nómadas visto que o seu pai era tuberculoso e assim a família viajava de sanatório para sanatório. Aos 16 anos, Krzysztof frequentou uma escola de treino para bombeiros, aventura da qual desistiu passados três meses. Sem grandes perspectivas futuras, ingressou numa escola para técnicos de teatro em Varsóvia, por ser dirigida por um familiar. Mas acabou por estudar cinema, tendo-se candidatado à escola de cinema de Lodz, a mesma que formou cineastas tão reputados como Roman Polanski ou Andrzej Wajda. Rejeitado por duas vezes, conseguiu ser admitido à terceira tentativa. Frequentou a dita escola entre 1964 e 1968, período durante o qual o governo permitia um grau de liberdade artística relativamente alto na referida escola. Durante e depois da sua estadia na mesma, Kieslowski realizou principalmente documentários, aclamados e vencedores de vários prémios em festivais nacionais e internacionais.
A sua estreia no cinema com longas-metragens deu-se em 1976 com Blizna, um drama de realismo social que mostrava a revolta de uma pequena cidade contra um mal planeado projecto industrial. Seguiu-se Amator, um drama dilacerante caracterizado por um certo nível filosófico, onde a função da arte e o seu relacionamento com o papel do artista são implicitamente demonstrados. Regressou seis anos depois com Bez konca, talvez o seu filme mais manifestamente político, ao expor julgamentos políticos do invulgar ponto de vista do fantasma de um advogado e da sua viúva. Depois veio Przypadek, poderoso drama político-social que alerta para a escolha consciente como uma necessidade imperativa. Depois da emblemática mini-série Decálogo, dez episódios televisivos baseados nos Dez Mandamentos, chegou a vez de A Dupla Vida de Veronique, espantoso retrato da exploração dos dilemas morais vencedor de três prémios em Cannes e nomeado à Palma de Ouro. Acabou a carreira superiormente com a célebre trilogia das Três Cores: Azul, uma meditação sobre a liberdade vencedora do Leão de Ouro em Veneza; Branco, um ensaio sobre a igualdade vencedor do Urso de Prata de Melhor Realizador em Berlim; Vermelho, uma exploração da fraternidade nomeada a três Óscares.
Na altura da sua morte(1996), o seu talentoso compatriota Roman Polanski proferiu que “foi uma enorme perda para o cinema”. Ora aí está um cliché com nada de errado.
® Artur Almeida
Nascido a 27 de Junho de 1941 em Varsóvia, o realizador polaco cresceu sob o espectro de Hitler e Stalin, anos esses algo nómadas visto que o seu pai era tuberculoso e assim a família viajava de sanatório para sanatório. Aos 16 anos, Krzysztof frequentou uma escola de treino para bombeiros, aventura da qual desistiu passados três meses. Sem grandes perspectivas futuras, ingressou numa escola para técnicos de teatro em Varsóvia, por ser dirigida por um familiar. Mas acabou por estudar cinema, tendo-se candidatado à escola de cinema de Lodz, a mesma que formou cineastas tão reputados como Roman Polanski ou Andrzej Wajda. Rejeitado por duas vezes, conseguiu ser admitido à terceira tentativa. Frequentou a dita escola entre 1964 e 1968, período durante o qual o governo permitia um grau de liberdade artística relativamente alto na referida escola. Durante e depois da sua estadia na mesma, Kieslowski realizou principalmente documentários, aclamados e vencedores de vários prémios em festivais nacionais e internacionais.
A sua estreia no cinema com longas-metragens deu-se em 1976 com Blizna, um drama de realismo social que mostrava a revolta de uma pequena cidade contra um mal planeado projecto industrial. Seguiu-se Amator, um drama dilacerante caracterizado por um certo nível filosófico, onde a função da arte e o seu relacionamento com o papel do artista são implicitamente demonstrados. Regressou seis anos depois com Bez konca, talvez o seu filme mais manifestamente político, ao expor julgamentos políticos do invulgar ponto de vista do fantasma de um advogado e da sua viúva. Depois veio Przypadek, poderoso drama político-social que alerta para a escolha consciente como uma necessidade imperativa. Depois da emblemática mini-série Decálogo, dez episódios televisivos baseados nos Dez Mandamentos, chegou a vez de A Dupla Vida de Veronique, espantoso retrato da exploração dos dilemas morais vencedor de três prémios em Cannes e nomeado à Palma de Ouro. Acabou a carreira superiormente com a célebre trilogia das Três Cores: Azul, uma meditação sobre a liberdade vencedora do Leão de Ouro em Veneza; Branco, um ensaio sobre a igualdade vencedor do Urso de Prata de Melhor Realizador em Berlim; Vermelho, uma exploração da fraternidade nomeada a três Óscares.
Na altura da sua morte(1996), o seu talentoso compatriota Roman Polanski proferiu que “foi uma enorme perda para o cinema”. Ora aí está um cliché com nada de errado.
® Artur Almeida
2 Comments:
Até entrar em contato com a obra de Kieslowski, tinha Kubrick como o maior cineasta, mas minha opinião logo mudou ao terminar de assistir "Trois Couleurs". Outro excelente filme dele é "Não amarás". Pena que não viveu o suficiente para filmar sua trilogia sobre o inferno, paraíso e purgatório. Abraços.
O desempenho de Juliette Binoche é simplesmente magistral no filme "Bleu/Azul"!
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