Terminal do Aeroporto
Título Original: "The Terminal" (2004) Realização: Steven Spielberg Argumento: Andrew Niccol, Sacha Gervasi & Jeff Nathanson Actores: Tom Hanks - Viktor Navorski Catherine Zeta-Jones - Amelia Warren Stanley Tucci - Frank Dixon |
Baseado num caso real, Terminal de Aeroporto narra a curiosa situação que envolve a chegada de Viktor Navorski (um convincente Tom Hanks), oriundo de um país do Leste Europeu, ao aeroporto JFK. Quando chega, Navorski apercebe-se que o seu país deixou de existir devido a uma conturbada guerra civil e, por isso, o seu passaporte é considerado inválido. Encontrando-se numa inusitada situação, o viajante é impedido de entrar nos EUA e acaba por se instalar, aos poucos, no terminal de aeroporto, fazendo desse espaço o seu novo lar improvisado.
Embora se inspire numa experiência verídica, o filme de Spielberg está mais próximo de uma fábula urbana do que de um drama realista, expondo algumas das marcas registadas do realizador. Apesar do caso de Navorski ser preocupante, o realizador opta sempre pelo optimismo e supremacia dos bons sentimentos, que permitem que o protagonista vá superando os entraves e adversidades. À medida que o filme decorre, essa vertente idealista (utópica?) e esperançosa intensifica-se cada vez mais, o que poderá causar arrepios aos espectadores mais cépticos (e encorajá-los a rotular, novamente, Spielberg como um cineasta "piegas" e "bem-comportado"). Mesmo assim, Terminal de Aeroporto desenrola-se com considerável fluidez e raramente se torna cansativo, sendo um filme agradável de acompanhar e seguir.
Por detrás da aparente simplicidade e leveza do argumento - a história centra-se nas peripécias que Navorski vive ao tentar subsistir no terminal - há algumas chamadas de atenção para a contraproducente burocracia das sociedades contemporâneas, apelos à quebra da intolerância e da xenofobia e uma tentativa de caracterização dos EUA como nação aglutinadora de povos e culturas. Pelo meio, privilegiam-se valores nobres como a justiça e a amizade e há ainda espaço para reflexões acerca da figura paterna (elementos intrínsecos às obras do realizador).
O filme mistura drama e comédia (romântica), alternado momentos melancólicos - o desenraizamento e procura de um lar, a solidão ou as falhas de comunicação geradas pelas diferenças culturais - com episódios mais espirituosos e reluzentes - a construção de laços de amizade, as recompensas resultantes de boas acções e a (re)descoberta do amor.
Não sendo uma obra particularmente surpreendente, Terminal de Aeroporto oferece diversos bons momentos e destaca-se como uma das películas mais refrescantes e lúdicas do ano, conciliando o entretenimento escapista com a discussão de temáticas actuais e incontornáveis nos dias de hoje.
O filme possui aspectos pouco conseguidos (a demasiado rápida adaptação de Navorski, a vertente caricatural das personagens secundárias, a previsibilidade do final) mas compensa-os ao apresentar também alguns dos pontos fortes do realizador (excelente realização, boa direcção de actores, emotividade genuína ou a sólida banda-sonora de John Williams).
Embora o cinismo tenha vontade de vir ao de cima a espaços, Spielberg proporciona uma bem-conseguida obra que consegue fazer-nos depositar alguma fé no american dream. Terminal de Aeroporto não representa um regresso aos grandes momentos do cineasta - fica uns degraus abaixo da sua obra-prima, Relatório Minoritário -, mas não deixa de ser um dos estimáveis títulos cinematográficos de 2004.
® Gonçalo Sá
3 Comments:
uma boa realização e um bom actor principal fizeram deste filme algo a ver com alguma curiosidade. Passa-se um bom bocado.
Sim, e uma excelente interpretação do Tom Hanks =)!
Abraço
Tenho o filme no disco há uns bons mese para ver. Não sei se consigo. a história não me cativa e os finais "happy" de Spielberg enjoam-me. E depois de War of the worlds (grande barraca), não sei se verei este terminal do aeroporto. Cumprimentos,
Sérgio Lopes.
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