O Urso
Título Original: "L'Ours" (1989) Realização: Jean-Jacques Annaud Argumento: James Oliver Curwood Gérard Brach Actores: The Bear Cub - Urso pequeno The Kobiak Karyo - Urso grande Tom - Tchéky Karyo Bill - Jack Wallace |
De todas as uniões que o cinema faz com outros meios e artes para originar um filme, a natureza não é propriamente uma das parceiras mais privilegiadas. Das poucas vezes em que essa união acontece, o produto final acaba por ser quase sempre uma obra da Disney (Rei Leão, Dumbo), um filme de terror (Tubarão, Anaconda), ou então um filme de domingo à tarde onde os animais falam ou fazem palhaças (Flipper, Lassie). Tirando estas excepções, a natureza serve apenas de figurante e de cenário de fundo na sétima arte. O que é pena, diga-se (e sublinhe-se) de passagem, pois tendo em conta obras como O Urso, a mãe natureza tem muita matéria para bons argumentos, e principalmente tem excelentes actores de quatro (e duas) patas para tal.
Baseado no livro King Grizzly de James Oliver Curwood, O Urso é um fantástico filme sobre a história de um pequeno urso que perde a mãe num acidente, e de um grande urso macho que o adopta. A partir desse elo, e sem qualquer vestígio de comédia ou melodrama, o filme desenrola-se de um forma natural e realista, focando a ligação entre ambos, e as suas características peculiares enquanto animais selvagens. Contudo, a presença humana, ainda que minimalista, também está presente na história, no papel dos dois caçadores que ambicionam ter o corpo do grande urso como troféu. E é neste contexto que a acção de O Urso ocorre, analisando o duelo entre caçador e presa, nomeadamente sobre o prisma deste último. O espectador acaba assim por torcer pelo azar dos dois homens, e pela sorte dos dois ursos. Um triunfo dos nossos instintos mais básicos, enquanto seres vivos.
Curiosamente, O Urso é um filme quase nulo em diálogos, mas rico em gestos e atitudes que transmitem de uma forma simples e transparente toda a essência da mensagem através do poder das imagens. O carinho, a fúria e a preocupação estão bem presentes ao longo dos 93 minutos de filme, e resumem-se à luta pela sobrevivência daqueles dois animais, representantes momentâneos e simbólicos das presas na natureza.
Contudo não estamos diante de um documentário da vida selvagem, nem de um filme para crianças. O Urso possui uma deslumbrante visão da forma de ser dos ursos, do seu habitat e dos seus perigos e inimigos, mas também tem momentos que puxam pela agressividade e desejo de vingança do espectador, perante a crueldade do homem.
Apesar de ter sido um sucesso internacional em 1989, O Urso não foi bem recebido pelos críticos na época. Porém, tais opiniões não impediram que este filme fosse nomeado para o Óscar de melhor montagem no mesmo ano, um prémio que não foi vencido infelizmente. Mas apesar disso, O Urso venceu na Europa alguns prémios, como aconteceu na França com o prémio César, na categoria de Melhor Filme, Som, Realizador, Poster e Fotografia.
Dirigido por Jean-Jacques Annaud (O Nome da Rosa e Sete Anos no Tibete), O Urso é, resumidamente, um intenso filme cheio de lições sobre a importância da liberdade e da vida.
E é assim que digo, que caso deseje um dia destes ver um filme sem humanos, falas, cenários ou argumentos complexos, desloque-se então ao clube de vídeo mais perto de si, e alugue simplesmente esta bela e bonita obra chamada O Urso.
3 Comments:
Acho que vi este filme há uns bons anos atrás e recordo-me de que gostei :)!
Cumprimentos cinéfilos
Achei o filme maravilhoso e fiquei curiosa sobre como foram feitas as cenas iniciais (do acidente) e do tiro. Me pareceram tão verdadeiras!
Você sabe como foi feita a montagem do filme? Como ele captou aquelas emoções dos ursos?
Enviar um comentário
<< Home