sábado, junho 04, 2005

As Irmãs de Maria Madalena

Título Original:
The Magdalene Sisters (2003)

Realização:
Peter Mullan

Argumento:
Peter Mullan

Actores:
Geraldine McEwan - Irmã Bridget
Anne-Marie Duff - Margaret
Nora-Jane Noone - Bernardette
Dorothy Duffy - Rose


Década de 60. Irlanda. Três mulheres são mandadas para um convento para poderem expiar os seus pecados. Até aqui tudo bem, não fossem os pecados destas mulheres o facto de serem demasiado bonitas (o caso de Bernardette), ou de terem sido violadas (Margaret) ou simplesmente por terem sido mães solteiras (Rose).

A vergonha que os familiares sentiam por estas mulheres levaram-nos a interna-las num dos colégios de Maria Madalena, que eram dirigidos pelas freiras da Misericórdia em nome da Igreja Católica. Neste tipo de conventos as mulheres eram conhecidas como as irmãs Madalena, e eram constantemente humilhadas, trabalhavam sem receber qualquer recompensa. Sofriam torturas físicas e psicológicas, muitas morreram dentro dos próprios conventos, nenhuma sabia quando é que a sua pena terminaria.

Este não apenas mais um filme que critica a religião. Este é um filme baseado em factos reais, é um filme que indigna, principalmente por se ter passado numa data tão recente (o último destes conventos encerrou em 1996).

Numa época em que se deu a libertação de costumes estas mulheres foram encerradas e dominadas por alguém que em nome de Cristo se quiseram impor como detentoras da verdade e quiseram abusar do poder que tinham (quem lhes concedeu tal poder?!). Para além disso, para além de abusarem do trabalho daquelas mulheres, estas ainda eram algumas vezes abusadas sexualmente pelos padres.

Mais de 30 mil raparigas passaram por este tipo de colégios onde a religião fervorosa vingava. Neste filme mostra o desenvolvimento das personagens que sofriam estes actos de violência, a sua revolta e o modo como as suas vidas se encaminham após o pesadelo acabar.
Mas será que acabou mesmo?

Este é um daqueles filmes que levamos como um murro seco no estômago, algo que nos choca e nos deixa indignados por ser tão real, brutal. Choca-nos sobretudo por ser sobre uma situação tão recente, passado numa sociedade que pensamos ser civilizada, mas que afinal mantém a mente presa à época medieval.

® Inês Montenegro