As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim
Título Original: ""Big Trouble in Little China" (1986) Realização: John Carpenter Argumento: Gary Goldman, David Z. Weinstein & W. D. Richter Actores: Kurt Russell- Jack Burton Kim Cattrall- Gracie Law |
Há algum tempo, já bastante, pensava que no meu reduzidíssimo top dos tops de filmes mais nucleares, não caberia filme que não fosse sério, visto que o drama é de longe o meu género de eleição. Adivinharam, uma comédia de acção cheia de fantasia conseguiu intrometer-se na lista. Um dos meus principais filmes de infância foi pacientemente chegando ao estatuto de sagrado.
As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim, no seu magnífico título original, é um filme que logo pela cena inicial e natureza correspondente à obra, sabemos como vai acabar, e isto não o diminui absolutamente nada, ou este não fosse um “opus” que bem se pode encaixar no conceito “filmes de família”, embora possua alguma linguagem menos apropriada para tal.
Esta é uma história digna de abanar os pilares do céu, em que Jack Burton (Kurt Russell), um duro e desenrascado camionista cuja vida monótona na estrada com a sua rádio privada The Pork-Chop Express, leva uma reviravolta sobrenatural quando a noiva do melhor amigo é raptada, o que o fará viver aventuras incríveis, estando por detrás disto tudo, o último espírito maligno, Lo Pan (James Hong), mas não sem antes conhecer Gracie Law (Kim Cattrall), a quase angelical, mas cheia de garra, lady do filme.
Jack Burton é o maior, no sentido mais verdadeiro quando se fala em heróis do tipo hot shot que nos fascinam do ponto de vista onírico. É do género daqueles que têm sempre uma resposta pronta transmitindo estilo verdadeiramente coerente com o seu estatuto carismático. Algumas altamente memoráveis e quiçá quotidianamente aplicáveis são: “I’m a reasonable guy but I’ve just experienced some very unreasonable things”, “Are you crazy? Is that your problem?”, mas principalmente a estrondosa “It’s all in the reflexes”, entre outras com uma linguagem já mais picante.
A banda sonora, mais uma vez, é assinada por Carpenter e mais adequadamente brilhante não poderia ser, com tais sons que evocam a mística rocambolesca da Chinatown de todos os mistérios mais queridos de ser vividos.
As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim é o tipo de obra cinematográfica, que, devido ao seu espírito aventureiro e triunfante, no sentido mais literário faz total justiça à tal tão famosa máxima: “O cinema é uma festa”. Com filmes assim, é a maior do mundo. Mas desenganem-se se for o caso: o cinema é light, embora o impacto seja bem profundo.
Carpenter, o autor verdadeiro que é e Kurt Russell, o herói mais cool que há, que todos queriam ser, quer se queira ou não, são uma dupla eterna, das mais fascinantes transmissoras da essência daquele cinema dos nossos desejos mais irrealisticamente sonhados, devedores do desencantamento que não poucas vezes pauta as nossas vidas.
Aos fãs do filme ou aos mais curiosos, existe um site dedicado a este filme - www.wingkong.net - onde o pessoal tem como lema: “Everybody’s wanna be Jack Burton”. É paixão!
® Artur Almeida
4 Comments:
como eu concordo contigo!!!
Não sou fã do Carpenter (embora, confesso, também não domine a obra dele), mas a tua crítica deixou-me curioso em relação ao filme...
Cumprimentos, gravepisser
Luís Mendonça: fico muito contente:), acho que é uma obra que merecia pelo menos muito mais reconhecimento dentro do mundo Carpenter.
Gonçalo: descobre o filme custe o que custar, mas lembra-te que "talvez" seja preciso que o mesmo te martele um bom bocado na cabeça e várias visualizações a descobri-lo cada vez mais e mais apaixonadamente, se for o caso. Foi o meu.
Cumprimentos aos 2[]
Filmalhaço! Uma das peças mais essênciais da minha infância, eheheh. Foi o primeiro filme do Carpenter que vi, e desde então já revi uns milhares de vezes. Curiosamente, é um filme que funciona tão bem agora como quando era puto. Excelente entretenimento, tudo nesse tom muito série B, mas ao mesmo tempo feito com valores de produção e um talento indiscutível atrás da câmara. Ah, e quanto eu desejei ser o mandarim que solta os raios...
Excelente comentário :-D
Enviar um comentário
<< Home