domingo, abril 17, 2005

Clube de Combate


Título Original:
"Fight Club" (EUA, 1999)

Realização:
David Fyncher

Argumento:
Jim Uhls

Actores:
Edward Norton - Narrador/Jack
Brad Pitt - Tyler Durden
Helena Boham Carter - Marla Singer


The first rule about Fight Club is: you do not talk about Fight Club”… e por aí afora. Lamento mas tenho de quebrar esta regra para falar-vos sobre este filme que decerto muitos conhecerão não só pela dupla de protagonistas: Brad Pitt e Edward Norton (e deixem-me dizer que este último é um dos melhores actores da actualidade), mas pelo realizador David Fincher (“Seven”, “The Game”). Fight Club ou Clube de Combate? Permitam-me que trate o filme pelo seu título original. Tive a sorte de assistir a este filme quando estreou nos cinemas portugueses em 1999 e posso dizer que deixou a sua marca na minha memória pois não é um filme que transmita uma mensagem explícita, o que o torna susceptível de vários modos de compreensão ou tipos de leitura.

A personagem de Edward Norton em diferentes ora é mencionada como narrador ora como Jack, eu escolho Jack embora no filme ninguém o trate por algum nome. Ora então, Jack trabalha para uma companhia de seguros de uma das principais marcas de automóveis (que não é revelada) e viaja por todo o país inspeccionando automóveis para apurar se as causas dos acidentes, falhas técnicas, podem ser atribuídas a erros da companhia. Jack é um típico viciado em electrodomésticos, móveis, todos os tipos de objectos e gasta dinheiro em compras do catálogo do Ikea para decorar o seu apartamento conforme os designs mais modernos. É de destacar a excelente cena com efeitos especiais em que ele nos vai explicando as características de todos os seus móveis e estes surgem à vez como se fosse um catálogo virtual.

Apesar de ter tudo o que quer, tem um grande problema: insónia crónica, que o torna desesperado por escapar à monotonia da sua vida. Uma das críticas do filme, com o humor negro que se verifica ao longo do filme, é às típicas dezenas de grupos de todos os tipos para apoio a doentes: cancro dos testículos, tumores, tuberculose, entre outros, que são retratados com sarcasmo através de Jack e Marla (Helena Boham Carter). Ambos sabem que não estão doentes, mas acham que precisam de frequentar as sessões dos grupos de apoio e para não se denunciarem um ao outro chegam ao cúmulo de dividir os grupos entre si para não se encontrarem. Imaginem: “Eu fico com o grupo da tuberculose e tu ficas com o grupo dos parasitas do cérebro”!


Numa das suas muitas viagens de avião, Jack conhece Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabão com uma filosofia de vida que rejeita o consumismo, o materialismo da busca incessante por objectos de que não precisamos e só servem para alimentar ilusões, as rotinas diárias que nos desgastam. Depois do seu apartamento ir literalmente pelos ares, Jack contacta Tyler para lhe pedir se podia ficar em sua casa e daí a criar o Clube de Combate foi um pulo. Começam a lutar num parque de estacionamento de um bar, buscando na violência a sensação máxima para se libertarem das frustrações da vida e testar as suas potencialidades. Alguém os observa e pouco a pouco o clube torna-se bastante famoso e ganha inúmeros membros prontos a lutar por gozo. Tyler explica-lhes que são uma geração nascida a meio da História, trabalhando em postos de gasolina ou atrás de colarinhos brancos atrás de secretárias, não têm nenhuma Guerra Mundial para lutar nem Grande Depressão como a desde 1929, a guerra agora é espiritual e a depressão são as vidas deles.

O final de Fight Club, um filme que questiona de forma tão frontal o espaço social, as ideologias, onde se dá o confronto da imaginação e do real e das certezas e idolatrias dos nossos dias, deixa um pouco a desejar, parece que fica algo por explicar, algo em aberto.

® Isabel Fernandes

1 Comments:

At 12:40 da tarde, Blogger MPB said...

Comentário bastante bom, mas contem "Spoilers"... e nem toda a gente viu o filme. Eu ja vi não tenho problema, mas podes estragar a surpresa e o impacto do filme a alguem ;)

Cumprimentos

 

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