Annie Hall
Título Original: "Annie Hall" (1977) Realização: Woody Allen Argumento: Woody Allen e Marshall Brickman Actores: Woody Allen – Alvy Singer Diane Keaton – Annie Hall |
Quando há uns tempos atrás encontrei Annie Hall numa estante do clube de vídeo, eu não fazia a mínima ideia de que filme era este. Uma capa gasta, um título de filme infantil e dois velhos actores ainda sem rugas enquanto protagonistas. Li a informação na contracapa, e qual o meu espanto quando vi que tinha nas mãos um filme já galardoado pela Academia. De quem? Woody Allen. De que ano? 1977. Com que Oscar? O de melhor filme! Aluguei de imediato Annie Hall!
Vencedor de quatro Oscars (melhor filme, melhor director, melhor actriz e melhor argumento original), o humorístico e sarcástico Annie Hall tem Woody Allen e Diane Keaton nos principais papéis, e conta em retrospectiva a complicada história de amor entre Allen Singer, um neurótico comediante judeu e nova-iorquino que é azarado q.b., e Annie Hall, uma extrovertida jovem que é péssima condutora e que ainda vive o espírito hippie.
Ele faz psicanálise há 16 anos, e ela começa a fazer após ambos iniciarem um namoro. Dai até ao desenvolvimento e decadência do romance, o filme apresenta alguns momentos sui generis de cinema como é o caso das duplas legendas num diálogo do casal (uma legenda para as falas, e outra para o seu real significado), e a repetição de uma mesma cena entre Allen e namoradas diferentes. À excepção de mais meia dúzia de cenas peculiares, o resto do filme é normal.
Contudo há que admitir que Annie Hall é uma comédia romântica muito diferente tanto das feitas actualmente, como das clássicas. Há algo de singular ali, na visão que Woody Allen transparece da vida em comum entre estas duas pessoas diferentes. Porém é preciso ver Annie Hall mais do que uma vez para compreender isso e tudo mais. É preciso repetir a dose para descobrir todas as piadas e comentários escondidos ao longo deste filme, que infelizmente parece fora de prazo quando o vemos hoje em dia. É muito anos setenta. Muito não. Demasiado!
Apesar da química e carisma entre os protagonistas e da maioria dos críticos considerar a interpretação de Diane Keaton brilhante em Annie Hall, penso que eles exageraram no adjectivo e a Academia no Oscar, pois apesar de haver realmente no carácter de Annie Hall uma loucura saudável, esta não pertence há personagem mas sim a Diane Keaton. Basta comparar este filme com os seguintes da actriz e verifica-se que basicamente só varia o guarda-roupa e o argumento. De resto a personagem é sempre a mesma.
Em 1977, Annie Hall também derrotou o clássico Guerra das Estrelas ao vencer o Oscar de melhor filme. Uns acham que foi merecido, mas outros ficaram sépticos quanto a isso. Woody mostrou um tema universal por outro prisma, mas George Lucas foi original. E na minha opinião, o Óscar foi mal entregue novamente.
Nunca tinha visto antes um filme de Woody Allen, e confesso que também não vi nenhum depois de Annie Hall. Este chegou-me suficientemente para confirmar o género de filmes que ele faz, e para ter uma ideia do que me espera caso decida ver mais algum futuramente.
Comecei pelo "melhor" e até gostei. Não muito, só um pouco. Mas agora fiquei de ressaca de filmes do Woody. Só é pena que não saiba até quando...
® Fábio Guerreiro
3 Comments:
Apesar de eu considerar "Annie Hall" o melhor filme de Allen, ou seja, uma obra-prima, aviso-te que não há paradigma absoluto no cinema dele. Talvez um ritmo próprio que se repete em cada obra, disfarçado de comédia ou de drama profundo. De "Another Woman", filme reminiscente de Bergman ( o seu grande mestre), a "Zelig" ( um dos seus filmes mais ignorados e, curiosamente, dos mais subversivos) até, por exemplo, "Manhattan" (o seu filme mais maturo e melancólico).
Há pouco tempo Allen divulgou os seus filmes preferidos, que ele próprio fez: "Maridos e Mulheres" e "Rosa Púrpura do Cairo". Como vês, o próprio Allen discorda dessa ideia generalizada de que o seu filme ultra-oscarizado, "Annie Hall", é o seu melhor. Coincidência das coincidências, eu concordo. Coincidência das coincidências, "Maridos e Mulheres" e "Rosa Púrpura do Cairo" são dois filmes que, apesar de gostar, não me seduziram por aí além...
Vê "Interiors" e "Zelig" e "ABC", depois falamos.
Eu já agora acho que tenho de acrescentar o Manhattan Murder Mystery, muito por ser o meu filme de eleição dele, um bocado também elevado a nível pessoal, mas por que acho que é talvez o seu filme mais sincero e honesto que retrata na perfeição a tentativa de resolução de um crime por um casal e seus dois amigos enquanto estes quatro vivem uma crise existencial filmada na perfeição e com alguns bons toques de câmara. De realce que até temos direito a momentos introspectivos de Woody ao este fazer aparecer Double Indemnity, o seu filme preferido, pelo menos durante imenso tempo. O entretenimento está garantido, mas é muito mais que apenas isso.
Sim, o Manhattan Mystery Murder é outro belo filme de Allen. Já agora, queria frisar que, ao contrário do que muitos apregoam, considero "Anything Else" um exemplo de que Allen se mantém activo e deliciosamente irónico. Já agora, nos anos 90, há essa obra-prima chamada "As Faces de Harry".
cumprimentos
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