terça-feira, março 29, 2005

O Pianista

Título Original:
"The Pianist" (2002)

Realização:
Roman Polanski

Argumento:
Ronald Harwood, baseado no livro de Wladyslaw Szpilman

Actores:
Adrien Brody - Wladyslaw Szpilman
Thomas Kretschmann - Capitão Wilm Hosenfeld



Com o tema da II Guerra Mundial como pano de fundo, este filme de Roman Polanski deixa de lado a questão militar, e foca-se essencialmente no drama vivido pelo povo judeu desde o início da sua perseguição até ao fim da guerra. De uma perspectiva diferente em termos de argumento, é-nos aqui mostrada a humilhação e desespero do povo judeu neste momento da História, sem ser por isso necessário entrar nos campos de concentração em que se focam muitos filmes do género.

Wladyslaw Szipilman, um polaco cuja carreira de pianista está em próspera ascensão, vê a sua vida alterada quando no início da acção ser judeu vira sinónimo de ser alguém indesejado, e reduzido à categoria de nada. O pianista tenta continuar o seu dia-a-dia, mas a situação agrava-se quando a pressão sobre os judeus aumenta, através de decisões xenófobas que os obriga a distinguirem-se dos outros cidadãos através da discriminativa faixa com a estrela de David; a verem reduzido o seu salário e bens alimentares; e a estarem confinados a um limitado espaço dentro da cidade de Varsóvia. A imensa pressão tanto é física como psicológica.

Embora no início a acção tenha como personagens Szipilman e a sua família, a história tem uma reviravolta onde a maioria dos filmes sobre o Holocausto começam – o envio de judeus em contentores para os campos de concentração. Por uma questão de sorte (ou azar), o pianista é impossibilitado de seguir viagem com a sua família naqueles comboios com destino desconhecido (naquela data). Sem saber o que se lhes reserva, Szipilman pensa ter tido ali uma oportunidade para poder-se mais tarde encontrar com a família. Porém, o seu destino naquele limitado espaço judio em Varsóvia não será melhor do que o destino da sua família.
Contando apenas com a presença de outros homens enquanto mão-de-obra, nessa “jaula” que se tornou o limitado espaço judeu na capital polaca, Wladyslaw Szipilman e eles recolhem armas secretamente para uma futura revolta. Porém ele não fica lá tempo suficiente para poder colaborar com os companheiros nesse momento, pois contando com o apoio de um casal não-judeu amigo, consegue refugiar-se na Varsóvia não-judia. Contudo, a partir dai a sua jornada é cada vez mais claustrofóbica e sozinha. Descoberto posteriormente duas vezes, Szipilman encontrou-se a certa altura do filme sozinho, numa Varsóvia totalmente destruída pela guerra; sem qualquer rasto humano que não o dele e de soldados que farejam inimigos moribundos. Dai até ao fim do filme, é dada ao espectador uma lição de força de viver, quando tudo o que existe à volta é caos e morte.

Magistralmente presente em todas as cenas do filme, o actor Adrian Brody interpreta de uma forma muito humana a história verídica do pianista judeu Wladyslaw Szipilman. Através da expressão corporal, do carisma e de uma excelente representação, Brody toca a alma de qualquer espectador com esta galardoada interpretação de um sobrevivente do outro lado do holocausto.

® Fábio Guerreiro

2 Comments:

At 12:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Aí está mais um filme baseado numa história veridica. E que história! E que filme! Um dos filmes da minha vida, daqueles que nos faz sentir coisas do inicio ao fim, infelizmente sentimentos menos bons, como raiva, pena , espanto, choque, tristeza... Vi o filme duas vezes, uma delas com algumas pessoas e os comentários eram os mesmos ao longo de todo o filme:" como é que é possivel??" , "será que era mesmo assim? Que estupidos...", "como é que alguém pode fazer aquilo?", " que horror..."
È mais um filme desta época, mais uma vez muito bem conseguido e com uma excelente participação de Broody.
Recomendo também "A vida é bela", mais um filme maravilhoso, que apesar de ser do mesmo tema é completamente diferente.

 
At 5:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não tenho palavras para expressar, as lições de vida do filme são de tamanha envergadura que nos cala diante das cenas...

 

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